Desabafo

É um bocado cedo para escrever, ou um bocado tarde, pondo em causa a minha sanidade após uma noite em claro, mas sinceramente, já à algum tempo que o meu relógio roda ao contrário e as noites acordado fazem parte da rotina, sinto a barriga apertada, como se usasse cinto nos calções mais largos que tenho, sinto a roupa usada, colada a pele, moldada a ela, sinto o meu quarto melancólico, nostálgico, se ele falasse, deixaria todos de boca aberta, quantas e quantas vezes me viu e ouviu chorar, quantas vezes me ouviu a desabafar sozinho, quantas vezes se fechou para que eu pudesse ter o meu momento em que podia baixar a guarda e tirar a máscara do rapaz feliz que não se preocupa. Toda a gente tem problemas, é verdade, mas cada vez mais, tenho a certeza que só não ultrapassamos o que não queremos, nós desistimos, mesmo antes de tentarmos, nós não lutamos, estamos tão habituados a ter tudo de mão beijada que a mínima dificuldade, já desistimos, somos uns fracos! Estou cansado de ser assim, quero aprender a remar contra a maré, tal como a força de vontade para andar de bicicleta sem rodinhas, quero mudar, quero crescer, quero deixar de chamar alguém quando não sei das minhas coisas, quero ter força de vontade para procura-las! Quero ser eu a viver a minha vida e a decidir onde é o impossível!