Quem é que não tem saudades dos tempos mais joviais? tempos em que entrar para o 5º ano era uma ansiedade, simplesmente por começar a utilizar a palavra "stor" ou para poder dizer que está na escola dos irmãos e dos primos mais velhos, saudades de jogar aos países e ao quantos-queres ou de sair tarde quando já está a anoitecer e imaginarmos que somos os nossos pais que vão trabalhar e só chegam a casa quando a noite já domina os céus, saudades das paixões controversas em que gostávamos da primeira pessoa que nos desse os parabéns ou nos desejasse um bom dia, porque sim, naquela altura para nós tinha uma importância enorme quando nos desejavam um feliz aniversário, era super importante e estávamos sempre imensamente ansiosos para saber "quem vai ser o primeiro", a relação de começar-mos a usar um próprio bar dentro da escola, o que nos obrigava a andar com dinheiro, víamos a semanada ou a mesada como um ordenado e as vezes não dava para geri-la da melhor maneira. E saudades do tempo que íamos mais cedo para a escola de manhã só para jogar antes das aulas e mesmo em dias de chuva fingíamos ser grandes heróis a ser vistos pelo mundo inteiro numa final de uma partida de futebol com uma tempestade a cair sobre nós, ficávamos todos encharcados e rompíamos as sapatilhas e os fatos de treino, mas não era importante, o importante era o sorriso que nos preenchia a cara durante esse momento, esse e muitos outros de que tenho saudades, as conversas intriguistas que se tinham naquela idade do género "Mas aquela gosta dele" ou "Eles não jogam nada, têm a mania", e as preocupações maiores eram as faltas de material ou de atraso, grande preocupação essas faltas que no fundo nunca chegavam a ser assinaladas! Dava gosto ir a escola nesses tempos, disciplinas novas e não só, de um momento para o outro passamos de uma escola com 60 alunos para uma com 200 ou 300, é um mundo novo!Quando nesse tempo o facto de dizer-mos uma asneira fazia com que nos sentíssemos adultos para grande desgosto dos nossos pais que na altura usavam a celebre frase do "pimenta na boca", isso eram tempos brilhantes, tudo nos corria bem, só nos chateávamos quando chegávamos atrasados as aulas e mal batíamos a porta, éramos o centro das atenções e nós ficávamos sem jeito. O copiar nos testes também é uma inovação, assim como as cábulas, é algo novo que nos dá pica experimentar, ainda para mais quando somos incutidos e encorajados a fazê-lo, mas depois aquele medo interior que no fundo paira em nós porque sabemos que não precisamos daquilo, faz-nos hesitar.. É nesse tempo também que deixamos de ver as miúdas como "rapazes com cabelo grande" para as Marias-rapazes e as chatas histéricas para aquelas que geralmente se tornam as nossas "barbies" ou os nossos amores, começamos a usar perfume, a vaidade invade-nos a alma, porque sim, também é novo o facto de os mais velhos repararem se o que usamos é de marca ou não, ou até mesmo se somos crânios chatos ou rebeldes amistosos, tudo interessa naquela altura, abrimos a nossa mente a algo novo, algo gigante, com bastante expectativa, queremos fazer um pouco de tudo, conhecer toda a gente, ser-mos populares, por vezes até nos esquecemos dos ideais que sempre nos ensinaram porque somos apenas miúdos "perdidos" nesse mudança repentina, onde já não precisamos de autorização para sair da escola, nem ninguém precisa de nos ir buscar, a escola ajuda-nos a sermos adultos, mas de uma forma engraçada!
Na minha opinião, foram os meus melhores momentos, tudo me corria bem e era super divertido, porque tudo era feito de diversão! Volto a usar uma frase aqui que já disse antes.
"Por mais camisas que vista ou sapatos que calce, nunca me vou esquecer de como sou miúdo."
