As vezes, olho para trás e não sei bem o que pensar, vejo recordações, memórias, melancolia, amor, sorriso, choro, vejo tudo e não vejo nada e de tudo o que vejo faz-me querer que não visse nada e nada do que vi ao certo me faz acreditar mais que o que tenha visto era certo para mim, parece confuso eu sei, mas é esta confusão em que vivo que me confunde todos os dias sobre o confuso passado que tenho ou que tive, que não queria ter, mas que não podemos recusar aquilo que temos, a nossa ingratidão pode gerar algo muito pior e um dia quando precisarmos, serão ingratos connosco... as vezes, tenho medo, sim, eu tenho medo, não daqueles medos que me fazem não saltar ou não experimentar uma coisa nova, mas daqueles medos interiores, aqueles medos que nos enchem de dúvidas e que nos fazem duvidar do que é certo, não obstante o certo ser errado e o mais errado estar certo, mas, tenho medo de ser esquecido, medo que daqui a uns anos, caia no esquecimento daqueles que hoje mais gosto, medo que o meu passado volte ao presente e a sua presença me prenda de novo ao passado que tive e não me deixe olhar para um presente diferente, disparo de outro passado e que esse passado se tenha passado só comigo, não o desejo a ninguém e espero que nunca ninguém enfrente um futuro como o meu passado... as vezes, gosto de lhe dizer que a amo, mas não lhe digo, embora a ame mais que tudo e que o meu tudo seja ela, com todas as letras da palavra tudo, tudo o que lhe posso dizer é que gosto dela e ela saber que o meu gostar significa mais que o amar e que o amar não é só gostar, mas sim também preocupar, o que eu me preocupo com tudo e com nada, com ela e comigo, não posso usar a palavra nós, eu sei que ela é minha e eu sou dela, mas mais ninguém sabe, no fundo o saber pensa-se que está em quem tudo diz mas nada sabe, quando a verdade é que só sabe quem nunca fala ou nunca falou que saberia tal coisa sobre o saber do nosso amor, que nesta mistura toda se diz gostar, porque a preocupação é tão grande que não se sabe ao certo, onde implementar isto tudo... as vezes, imagino que serei uma história, não daquelas contadas ás seguintes gerações que imaginam como é que eu seria, mas que nunca conheceriam o meu verdadeiro ser, sendo eu mais ou menos como sempre fui, sem nunca ter sido outra coisa, mas que serei uma daquelas histórias para guardar para nós mesmos, daquelas histórias que nem sabemos que guardamos contudo quando encontramos nos lembramos porquê que a guardámos e voltamos a guardar porque jamais nos esqueceremos de algo assim tão bem guardado, porém espero não ser uma dessas histórias, espero ser um conto, que quando contado seja acompanhado de um sorriso sincero e que a sinceridade seja tão contagiante como o conto sobre mim será certamente, todavia, com certeza que irá conceder a algumas lágrimas, não fosse um conto sobre mim um diário do que sou ou fui, podendo-se imaginar uma história sincera, mesmo eu querendo ser um conto, tudo vai depender de quem contar...
As vezes, tenho estes devaneios que me fazem repetir palavras repetidamente, sem nunca perceber que a sua repetição, está repetida, embora seja fácil de ler, mesmo não dando grande gosto à leitura, sei que será lido por alguns, por aqueles que gostam de me ler e que se identificam com aquilo que escrevo, voltando eu a escrever para que os que lêem, voltem a ler e que escrevam, "gostei do que li".