Afastar...

Afastar é um dos verbos que mais mexe uma relação, todos nós nos afastamos, todos os dias, de pessoas de hábitos, de coisas, todos nós nos afastamos, uns afastam-se das más companhias, outros das boas, uns afastam-se de mim, outros afastam-se de ti, mas todos nós sem excepção, nos afastamos diariamente de algo, uns por necessidade pois não se sentem bem, outros apenas para provar que conseguem viver sem aquilo ou sem alguém, não importa, todos nós nos afastamos e será isso proveitoso para nós?
Se nos afastamos, é porque estamos chegados, se estamos chegados é porque gostamos, qual o motivo que nos leva a afastar? Falta de interesse da outra pessoa? Enjoo daquele hábito? Farto de ser julgado por fazer a mesma coisa? O que é certo é que o fazemos e pensamos sempre que é a melhor opção, pensamos que é fácil afastarmos-nos de algo que gostamos e por isso decidimos fazê-lo, muitas vezes até sem pensar, mas com o passar do tempo apercebemos-nos que afinal não é assim tão básico, não é assim tão normal nos afastar-mos de alguém, a saudade começa a apertar no peito como um corpete que tem que ficar justo para salientar o corpo, o pensamento começa a ser negativo como o pensar que vai chover em pleno Agosto por causa da meteorologia e é aí que o orgulho é chamado ao assunto.
 Uns de nós menos orgulhosos, acabam por dar o braço a torcer e tentar reatar ou voltar a fazer o que sempre fizerem, com quem fizeram, outros, sim outros, nós, os Orgulhosos, nós não, nós levamos o afastamento ao extremo, não nos importamos de sofrer mais ou menos, não nos importamos que o corpete nos deixe sem ar para respirar, nem que chova pois iremos a praia na mesma, a nossa teimosia fixa-se como o adjectivo que nos classifica melhor e é bem traçada no nosso ser, vincada com o orgulho, não queremos saber se temos razão ou não, apenas nos incutimos a nós próprios que é aquilo que temos de fazer e portanto vamos leva-lo até ao fim.
Por vezes perdemos pessoas que nos são próximas, outras deixamos de saber fazer o que fazíamos de olhos fechados e depois quando olhamos para trás a maior parte de nós se arrepende e observa que se calhar podíamos ter tido mais calma, mais paciência, podíamos ter agido de outra forma, mas não há nada a fazer, a nossa decisão foi aquela e é assim que temos de viver.
Afastar pode ser positivo como negativo, pode ser bom como mau, pode ser proveitoso ou desvantajoso, mas torna-nos quem somos, decide quem nos acompanha e vinca o que fazemos, faz parte de nós e por isso é que é tão usada nos nossos dias, é uma luta constante o afastamento, mas é uma luta que nos torna mais fortes, pois remar contra a maré é muito mais difícil do que nos deixar ir por ela.
Afastar é ser forte, é ter atitude, é perceber que não estamos bem ali nem somos bem recebidos por quem julgamos que gosta de nós, afastar é luta, é brio, é senso quando pensado, enfim, afastar é o que passa o tudo a nada e é assim que vai ser sempre.