quinta-feira

A razão do Horizonte



Observava-o num miradouro, não muito distante de casa, linear e rigoroso como sempre me habituou, brilhante e sombrio ao mesmo tempo, naquela tarde disponha-se de outra maneira, não dizendo que se tinha alterado, mas estava mais expressivo, mais espontâneo, como a querer dizer algo, como querendo chamar por mim, apelando a minha vontade de descobrir algo novo, em pensamento, concebi uma longa conversa com o horizonte onde expressava a minha vontade de radicalizar uma mudança na minha vida e em que ele pela bela imagem que me proporcionava dizia - Vem, é a tua hipótese - mas eu relutante, sem garantias, porquê acreditar no horizonte, se nunca vi o seu fim ou seu inicio, porquê acreditar numa expressão que talvez fosse apenas uma ideia errada da minha cabeça, instantes depois entendi, a verdadeira mensagem que o horizonte tinha para me oferecer, pois tal como ele, eu tenho sido linear e rigoroso comigo mesmo sem nunca ter saltado um paragrafo ou escolher o outro lado da moeda, o facto de ele estar mais expressivo naquele momento, não era nada mais que uma prova que até a coisa mais simples e observada do mundo pode tomar uma atitude ou mudar de forma sem ninguém se opor, como um - anda daí, explora-te, encontra-te - e de facto, tem toda a razão, só eu posso rasgar a folha onde traço o meu caminho ou apagar qualquer passo mal dado, mas isso requer atitude e brio, vontade e força, naquela tarde, quando me despedi do horizonte, ele acenou para mim com um brilho vivo e saudoso, fazendo-me acreditar que aquela conversa, valeu sem duvida a pena...

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